Olá!!

Me chamo Mariangela, sou mãe do Gabriel do 7B…. e sou enfermeira.

Hoje trabalho na Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, junto ao Corpo de Bombeiros de São Paulo, atendendo a população fora do ambiente hospitalar.

Vim aqui falar sobre um assunto necessário e inevitável em qualquer casa, os ACIDENTES.

Mas, não falarei sobre qualquer acidente, e sim sobre aqueles que podem acontecer com nossos filhos, nossa maior riqueza.

A infância, imutavelmente, é uma fase do desenvolvimento humano guiada pela curiosidade e ausência de noções de perigo e consequência. E é isso que cabe a nós, os adultos, mantê-los sob vigilância e segurança constantes, garantindo que o ambiente e a circunstância não os atinjam com eventos dolorosos, mas no infortúnio de acontecerem, nos cabe o discernimento e a tomada das primeiras decisões e atitudes.

Segundo um apontamento do Hospital Pequeno Príncipe (referência nacional em cuidados às crianças e adolescentes, localizado em Curitiba-PR), publicado em 23/02/2023, os acidentes domésticos estão como  importante causa de lesões infantis, uma vez que as crianças estão  em casa explorando os ambientes.

Neste momento, falarei das 5 principais causas de acidentes domésticos na infância. Vamos lá????

1) Quedas

Vamos entender quedas como a mudança de um nível a outro, ok??

Agora, imagine onde seu pequeno pode sofrer essa mudança de nível…. Sim, escadas, janelas, varandas, beliches, muros, brinquedos, ambientes molhados e escorregadios. Nesse panorama, a primeira atitude a ser tomada é avaliar a altura dessa queda. Caso seja uma altura significante, perceba se a criança respira, se está acordada, se há deformidade em membros ou na cabeça, se ela está confusa e  observe se há sangramento ativo e abundante. No caso da observação de qualquer um desses itens, não mexa na criança, tente acalmá-la e ligue para 192 (SAMU), ou 193 (Corpo de Bombeiros).

Lembrem-se, peçam para  a pessoa mais calma no ambiente fazer a ligação, passando o que aconteceu, sexo da criança, idade, endereço preciso e como a criança está no momento (essas informações farão toda a diferença para o atendimento pré-hospitalar).

No caso de bebês, a atenção deve ser redobrada, pois eles podem cair da cama, sofás e berços (o que não é incomum). Nesse caso, certifique-se que, quando o bebê acordar, o ambiente lhe proporcione segurança. Caso aconteça a queda e note qualquer mudança no bebê, procure atendimento médico, ou caso haja algum sinal anormal, ligue 192 ou 193 e siga as orientações dadas acima.

2) Intoxicação

Pense intoxicação como a ingestão de qualquer substância que pode prejudicar a saúde da criança. Pense em remédios, bebidas alcoólicas, material de limpeza cheiroso ou não, plantas e itens de higiene e beleza… de novo: eles são curiosos!!!

Mantenha substâncias fora do alcance das crianças e, caso aconteça a ingestão, não ofereça nada para a criança beber ou comer, não provoque o vômito , certifique-se do que foi ingerido e procure, IMEDIATAMENTE, um Pronto-Socorro.

3) Engasgamento

Vamos entender o engasgamento como algo que para na garganta do pequeno e que impossibilita, ou dificulta, a respiração. De imediato, pensamos em engasgo por pedaços de brinquedos (o que é bem comum!), mas, também pode acontecer por adornos (brincos), moedas, bibelôs da casa, e, pasmem, alimentos, incluindo o leite materno.

Em caso de acontecimento de engasgo, o primeiro sinal que será dado é a mão no pescoço e a abertura anormal dos olhos. Em seguida, poderá acontecer uma tentativa de tossir, o que pode não acontecer ou não ser efetiva (claro, isso em crianças maiores!) . Na sequência poderá acontecer uma respiração ruidosa ou a parada de respirar. Caso qualquer uma dessas situações aconteça, procure entre os presentes alguém treinado em desengasgo. Caso não haja ninguém treinado, ligue, imediatamente para o Atendimento Pré-Hospitalar (192 ou 193).

Para os bebês, sob aleitamento materno, caso aconteça o engasgo, sinalizado por uma flacidez geral do corpinho do bebê, o lábio fica roxo e ele respira com muita dificuldade ou não respira, procure alguém que tenha treinamento para desengasgo em bebês( que é completamente diferente do que é feito em crianças), ou ligue para SAMU ou para o Corpo de Bombeiros ( 192 e 193).

Sugiro que assistam no Youtube, no canal do Corpo de Bombeiros de São Paulo, as aulas simples e bem didáticas sobre manobra de desengasgo em crianças e bebês. São bem educativas e podem ser de muita valia!

4) Cortes

O manuseio de facas e tesouras podem causar lesões importantes nos infantes. As portas e janelas baixas de vidro também são importantes mecanismos de cortes.

Inevitavelmente, as crianças estão com a atenção toda voltada para a brincadeira e esquecem, ou não percebem, a existência de uma porta de vidro, ou mesmo janela, muitas vezes passando pelo vidro e acarretando diversos cortes e lesões.

No acontecimento de cortes, avalie. Se for um corte superficial e com pouco sangramento, faça a compressão manual do local com um tecido limpo, até parar de sangrar ( não fique tirando o tecido, em  pouquíssimo tempo o próprio corpo controlará o sangramento). Agora, caso o corte seja profundo e o sangramento abundante, faça a compressão manual  do local, com tecido limpo , e procure, IMEDIATAMENTE, um Pronto-Socorro.

5) Queimaduras

Vamos entender, nesse bate papo, queimadura como o machucado causado por calor (temos queimaduras causadas por outros agentes), certo?

Então, no ambiente doméstico temos panelas, fogão, cabo da panela, comida quente, churrasqueira, chuveiro e…. o SOL (isso o SOL!).

Em caso de qualquer tipo de queimadura, não ofereça ou passe qualquer tipo de receita caseira (pasta de dente, café, ovo, remédios, soluções orais, misturas milagrosas, etc). Lave com água em temperatura ambiente e procure atendimento médico.

As queimadura podem atingir diferentes níveis da pele e até mesmo outros tecidos e, apenas em ambiente hospitalar, a avaliação e conduta podem ser feitas sem risco para a criança, incluindo o controle da dor.